A review a seguir contém spoilers.
Quando a bancada da segunda temporada foi anunciada, senti uma leve preocupação. O ano anterior não foi satisfatório. Com a intenção de renovar, Simon Cowell decidiu chamar duas popstars para a bancada. Uma delas com infinita bagagem profissional e pessoal. A outra, uma pouco mais nova, mas com o um talento absurdo e grandes histórias. O pré-conceito, é claro, dominou a população que, previamente, as julgou. O programa começou e ambas deram um tapa na cara da sociedade, provando que esta foi uma das melhores bancadas dos últimos anos. Não se assustem com o tamanho da review, pois decidi resumir tudo, mas esmiuçar alguns detalhes que ficaram de fora nas resenhas anteriores.

Tudo voou. O programa, o episódio e toda a trajetória. Pudemos rever esse ano em alguns flashes que nos lembraram de quão especial esse ano. Talentos foram descobertos, assim como histórias foram contadas e músicas foram cantadas. Rimos, choramos e passamos raiva, mas tudo gerou em um resultado positivo. O vencedor pode não ter sido o meu favorito e de muitos outros, mas é inegável dizer que o Top 3 restante não tenha talento. Os três concorrentes mereciam, e tudo isso ficou ainda mais explícito na apresentação inicial que me deixou com um sorriso no rosto. A bagunça e desordem com a entrada de Tate Stevens, Carly Rose Sonenclar e Fifth Harmony cantando em trio a música "All You Need Is Love" dos Beatles, me deixou com um sorriso envergonhado. Mas assim percebi que toda essa agitação valeu a pena.
Diferentemente da primeira temporada, os apresentadores me surpreenderam. A simpatia de Mario Lopez e a bitchness de Khloe Kardashian me satisfizeram. A apresentação do programa foi ótima. A acidez de ambos agitou todo um programa, e isso ocorreu com naturalidade. Pudemos perceber que o entrosamento entre os dois com os participantes e a bancada ocorreu rapidamente. Foi muito bom, uma vez que Khloe e Mario iniciaram suas participações apenas no primeiroLive Show. E como não adorar ver Khloe de pinheirinho, embrulhada para presente e de catwoman nesta season finale? Obrigado Aline Thiel e Camilla Andrieto pelos maravilhosos comentários... Porém, a escolha de ambos não foi a única coisa que me surpreendeu.
Decidi focar essa review nos jurados que foram os maiores contribuidores para o excelente segundo ano da competição. Já, engatando a primeira, comento sobre Demi Lovato. Sua jovialidade talvez tenha sido a melhor coisa que a bancada merecia. A mesma começou como o mascote da bancada, passando a ser a menina das sobrancelhas, chegando em um ponto crítico de chatice que lhe fez cair em si. Demi não foi a melhor mentora, talvez a pior dos quatro. Suas escolhas eram cruas e inseguras, o que lhe custaram o programa. Ela tinha a faca e o queijo na mão, mas acabou estragando tudo. Porém, em contrapartida, o seu trabalho como jurada foi excelente. As suas ácidas opiniões e discussões com Simon, mesmo me irritando em alguns pontos, salvaram momentos obscuros dessa trajetória. Demi, mesmo sem nenhum act, não baixou a guarda e manteve os seus pontos. Elogiou o que quis, e criticou o que achava necessário. Essa sua característica provou o quanto a mesma possui de conhecimento. Quem lhe julgou previamente, caiu do cavalo. O cara lá das audições que falou sobre o autotune, deve ter ficada com o queixo caído. Demi mostrou o fôlego e o seu fator cantando com as cinco garotas finalistas, mostrando que não precisa de melhoramentos vocais. Demi foi ingenua, um pouco insegura mas forte como uma muralha. Deixou sua história comover o mundo, mas divertiu o universo com sua risada contagiante. Com certeza o proveito que a mesma levará será alto. Ela aprendeu a não colocar a carroça na frente dos bois, e talvez isso sirva caso ela retorne para a próxima temporada. Posso não ter sido o maior admirador de seu trabalho no reality, mas não posso negar que ela tentou, e conseguiu tirar um bom resultado no final das contas.
Já Simon Cowell continuou com a sua visão de lince neste segundo ano. Repetindo o sucesso do ano anterior, Simon arriscou. Juntou grupos que tiveram bons resultados. Com os previamente formados, continuou com o bom trabalho. Com os novos, procurou um auxílio. Talvez o seu maior erro tenha sido focar naqueles que ele achava que iria ganhar. A casa caiu e o Emblem3 ficou em quarto lugar. A coisa pesou, e talvez tenha sido tarde demais. Até o trio sair, Simon não havia encontrado um estilo para suas garotas do Fifth Harmony. Contudo, tudo iluminou-se nos dois últimos Live Shows. Simon deve ter sido iluminado por um anjo da guarda que mostrou o caminho certo. As cinco garotas que não se conheciam mostraram uma harmonia nata. Tudo se encaixou perfeitamente, mas o tempo era curto. Elas chegaram, firmes e fortes na final, cada uma com histórias para contar. Ally sofreu durante o programa, mas seguiu em frente. Já Normani achou Arin Ray em um lugar onde a esperança era distante, mas será que o romance seguiu? Lauren continuou mostrando aquela força de vontade e a garra nos seus olhos que contagiavam tudo e todos nos seus perfeitos vocais. Dinah buscou inspiração, e jogou nas performances todo o sofrimento que passou em uma casa entulhada de gente. Camila, mesmo com uma voz ardente e laços do tamanho do mundo, pegou as dicas de Demi Lovato e ascendeu. O lugar era dela, mesmo disputando com Lauren. As meninas seguiram, e no espírito natalino fizeram uma versão not mean girls e muito menos jingle bell rock de "Baby Please Come Home". O trocadilho aconteceu, e acasa era o caminho certo para o grupo.
A harmonia seguiu, e o inesperado aconteceu: as cinco conquistaram o terceiro lugar, justo na hora que a identidade começava a se formar. Porém, nunca é tarde para seguir em frente. Será que Simon Cowell será esperto o suficiente para investir nas garotas assim como quer com o Emblem3?
Assim como muitos, achei arriscado a participação de Britney Spears, devido às suas características peculiares. O público previamente a julgou, uma vez que ela é conhecida por usar e abusar do playback em suas apresentações. Isso não me irrita muito, e achei que o programa seria uma oportunidade para a mesma expressar o seu talento. Uma performance da princesa do pop não aconteceu, mas tivemos a estreia de um de seus clipes como foco de um Live Show. O mundo estava olhando para Miss Spears, e ela não fez feio. O programa veio e trouxe de volta boas atitudes que a cantora nunca mais havia demonstrado. O seu comportamento foi contido, talvez um frigido, mas muito profissional. Contudo, conforme o programa ia seguindo, era notável uma evolução. De bitch da audições, ela passou a ser a garota das caretas, mas conseguiu o seu ápice ao treinar muito bem seus pupilos. Pode não ter sido a melhor jurada, mas com certeza foi a melhor mentora da edição. Beatrice Miller, Arin Ray, Diamond White e, principalmente, Carly Rose Sonenclar, conseguiram mostrar sua identidade nos palcos graças a mentora.
O trabalho foi tão bom, que tivemos Carly na final, e sempre o creme do programa. Duas vezes a garota foi o top do ranking, e em todas as apresentações nos chocaram com seu talento oriundo desde a sua gênese. Carly era a favorita dos brasileiros, e o buzz sobre a mesma era inexplicável. Mas, o mais interessante, foi ver o vínculo que Britney criou com a mesma. Britney Spears parece ter visto uma versão mais jovem sua, daqueles seus tempos de "The Mickey Mouse Club" onde ela dividia os palcos com Christina Aguilera. O tempo passou para Britney, e ela evoluiu. Passou por poucas e boas, mas no "The X Factor" ela conseguiu a sua redenção, o melhor estado de espírito. Acredito que grande parte desse sucesso deve-se Carly. Se não fosse toda a sua genialidade, talvez o trabalho de Britney teria ido água a baixo, resultando em uma queda da auto-estima. Entretanto, nada disso aconteceu. Vimos uma dupla dinâmica. O feedback entre ambas era explícito, até mesmo nas revelações de eliminação. Mas, talvez o pior momento tenha sido nesse resultado final. Britney e Carly realmente ficaram desapontadas com o resultado. Carly era boa demais para ficar em segundo lugar, mas a América preferiu o pai de família ao invés da garota que ainda está em seus baby steps. Um erro? Não. Tate Stevens merecia o mesmo tanto, mas ver uma estrela como Carly surgir não é algo usual. Ao menos ela pôde mostrar o seu potencial mais uma vez ao cantar o hit natalino "All I Want For Christmas Is You".
A minha torcida era para a mesma, ou seja, senti meu coração quebrar em mil pedaços ao ver a little BIG diva derramar lágrimas de decepção. Até agora me pergunto: qual foi o conselho que Britney Spears sussurrou no ouvido de Carly? Quem souber, me avise!
Então, o jurado que nunca pegou os holofotes roubou a cena. L.A. Reid nunca foi o favorito de ninguém, e não era por menos. Nas audições, a sua neutralidade e forma de pensar confundiam todo mundo. Tudo piorou quando a etapa judges' houses ocorreu. L.A. sofreu de um surto psíquico e se revoltou, renegando seu time. Mal sabia ele que seria o melhor de todos, seguido dos teens. Não posso negar que a visão de Reid é sensacional. O cara lançou grande nomes da música, e muitos deles sou fã de carteirinha. Mesmo com a antipatia pelo grupo, L.A. manteve-se firme e forte, e com Britney Spears foi o melhor mentor da temporada. Ele encontrou aquela faísca em todos os seus concorrentes. Jason Brock, mesmo em uma rápida participação, continuou com a sua identidade, assim como Vino e o próprio Tate. O trabalho foi tão bem reconhecido e moldado, que, durante algumas semanas, L.A. dominava o Top 3 com dois de seus competidores. Ele atirou e acertou em uma estrela, chamada Tate Stevens. O country predomina na terra do Obama, e isso fez com que o cowboy fosse o queridinho do programa. Os tops iam se apertando, até o momento em que já sabíamos que ele seria a pedra no sapato dos Carly's Angels. E foi isso mesmo. A noite de Natal, onde Tate cantou "Please Come Home For Christmas", e aí mostrou para todo mundo que o prêmio já era seu.
A primeira eliminação levou Fifth Harmony embora, deixando o pai de dois filhos apenas com uma garotinhas que poderia ser a melhor amiga de sua filha. Era justo ele competir com alguém tão mais frágil? Sim. Carly sempre mostrou maturidade suficiente, tanto que se tornou um monstro no caminho de Tate. Mas ele, mesmo cantando em dueto com ela a música "The Climb" de Miley Cyrus, quebrou a barreira.
A sua simplicidade dominou a América. O público era seu. A simpatia e o sorriso no rosto do cowboy do "The X Factor" animou L.A. Reid como nunca, principalmente nessa última temporada do jurado. O resultado veio, e como previsível, o público lhe escolheu como VENCEDOR da competição. Entretanto, a América caiu no clichê, ficando nua ao mostrar sua única sede musical, e crua ao não tentar coisas novas. Aqui temos o sertanejo como popular, enquanto lá o country predomina. Era um pouco óbvio que essa paixão "rural" levaria o cara à vitória, mas é claro, o seu talento contribuiu. Foi mais do que merecido, e seria um erro dizer o contrário, mas acredito que tenhamos um mercado esgotado de Tates, enquanto vozes como as de Carly são raras. Mas as oportunidade estão aí, e espero mesmo que Tate Stevens consiga construir o seu sonho para que dure até a sua eternidade. A sua mulher, Ashlie, merece, assim como ele, que finalizou o programa fazendo o que lhe resultou em um contrato de cinco milhões de dólares: cantando.
"The X Factor (US)" pode não ter sido o melhor em audiência, muito menos ter tido as melhores vozes, mas com certeza marcará uma geração que amou cantores como Cece Frey, Emblem3, Jennel Garcia e diversos outros talentos que seguirão. Falhas ocorrem, é claro, mas tudo acabou em saldo positivo. A vitória pode não ter deixado a grande maioria feliz, mas seguiu o padrão, o que às vezes pode ser uma infelicidade. Valeu a pena? Muito! Sou #TeamCarly, mas aplaudo Tate assim como aplaudiria Sonenclar.
Tudo pode acontecer, assim como nas nossas reviews! Espero que nos vejamos ano que vem com mais cantores e rivalidades nessa competição que pegou fogo. Obrigado pela companhia e até breve.
Agora quero saber a opinião de vocês. O que acharam do resultado? O programa em sia valeu a pena? Aguardo seus comentários.