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REVIEW | The Affair: 1.04 "4"

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Um dia de affair.
CONTÉM SPOILERS!

Até esse ponto, a história do affair do Noah e da Alison tem sido firmemente entrelaçada com a história das suas respectivas famílias. Tudo isso pra gente a esse ponto; o ponto onde deixa de ser uma brincadeira inocente e se torna algo que os consome. É o primeiro episódio focado somente no Noah e na Alison e nos avanços do relacionamento deles, sem membros familiares envolvidos, mesmo se o espectro desses membros familiares ainda é deveras sentido. É o episódio em que The Affair precisava vender que o próprio affair foi o cataclismo da série. Mas a pergunta é: funcionou?

Essa é uma pergunta difícil de responder, simplesmente porque a série não se preocupa muito em fazer o Noah e a Alison um casal que o público torça pra dar certo. Toda vez eles não são mostrados como um casal que se ama ou até mesmo um casal com química, mas ao invés disso, como duas pessoas que se aproximaram, apesar do caos que será causado por essa aproximação, propriamente dita. Obviamente tanto a Alison como o Noah estão a considerar a espacada deles para a Block Island como sua chance de finally consumar o affair, mesmo que não seja algo dito por ambos. Mas The Affair não está interessada no ato de comsumação, bem como no que o ato signifique para as personagens. A pergunta mais importante não é “funcionou?”, mas sim “o que isso significa?”.

Do momento em que o Noah e a Alison se conheceram, é quase como se tivesse uma corda ligando um ao outro. É uma corda que eles não controlam, e uma corda que ambos, em momentos diferentes, já quiseram cortar. Principalmente, é uma corda que ambos não entendem direito, e esse episódio é todo sobre eles explorando o que a conexão entre eles significa e o porquê dela existir. 

Por cima, a atração deles é bastante simples: para o Noah, Alison representa um quadro em branco, alguém sem amarras com sua família, as mesmas amarras que ancoram sua autoestima. Já a Alison não o vê como alguém que possa ser um escritor que venda mais, ou alguém que possa fazer mais dinheiro ou alguém que pague as contas da casa. 

Para a Alison, o Noah representa alguém que não sabe de todas as tragédias da vida dela ao ouvir o nome dela ou ver seu rosto. Ele não a vê e automaticamente vê morte.

Existe uma similaridade que leva à liberdade emocional. O Noah ama sua esposa e seus filhos, Alison ama o Cole (mesmo que ela demonstre isso melhor em sua perspectiva do que o Noah demonstra amar a Helen na perspectiva dele), mas ambos se sentem presos. Dessa forma, a viagem pra Block Island não é uma desculpa esfarrapada pros dois estarem juntos, é uma desculpa pra que ambos fujam de quem são quando estão com suas famílias. O problema em fugir pra alguém, escapando d si mesmo é que isso envolve a outra pessoa, então você deve navegar nos pensamentos, sentimentos e na mente dessa outra pessoa pra que você consiga, de fato, escapar. Esse espaço – entre as expectativas do Noah e da Alison de se perder com o outro e as complicações que vem entalhadas nisso – é onde o episódio fica ótimo, quando começam a realmente ver o que o outro é pela primeira vez.

A coisa mais intensa sobre esse episódio, além das famílias estarem fora dele, é como as mudanças de perspectivas que acontecem no meio do episódio não parecem um recomeço, são uma pausa. Não estamos a ver a versão da Alison sobre o começo do dia, nós pulamos direto pra onde a versão do Noah acabou. É uma mudança considerável, tendo em vista que os dois são os únicos personagens envolvidos na trama, então repetir os mesmos atos seria maçante. Escolher mudar a perspectiva durante a cena de sexo foi brilhante. Saiu-se do prazer do Noah pras aflições da Alison. Ela percebeu estar fazendo algo horrível. Isso não é notável na versão dele. O Noah continua a se ver como uma pessoa boa, e tem quase que uma necessidade patológica de convencer alguém – talvez ele mesmo – que esse affair foi algo inevitável, ao invés de uma escolha dele e dela. Em contraste, a Alison duvida de suas escolhas mas é menos uma preocupação com sua imagem de boa pessoa, boa esposa, e mais uma preocupação com ir contra aquilo que acha correto.

Se é de alguma valia, esse episódio fala sobre a forma fraturada que conhecemos os outros, e como as pessoas se revelam através de vários momentos fragmentados. Noah e a Alison passam quase que o dia todo em Block Island e estão completamente fora de sincronia, um minuto rindo juntos e se sentindo próximos, e no próximo minuto, agindo como se fossem de planetas diferentes. Ambos não querem o fim de seus casamentos (ao menos na perspectiva do Noah), ambos acreditam que o affair deles pode viver de forma superficial, mas só quando essa barreira for quebrada, realmente poderão se conectar. Com o passar das semanas, The Affair se mostra mais e mais ser sobre como é difícil conhecer as pessoas e o preço que se paga ao obter esse conhecimento. Quando eles transam, estão em sintonias diferentes; nota-se isso ao Noah se importar com a Alison não ter tido um orgasmo na primeira vez deles, e ela dizendo que isso não importa. Ambos disseram que se divertiram lá, mas foi isso mesmo que vimos? Ou vimos pessoas que continuamente se seguram uma à outra em busca de um chão.

O chão aparece, e em troca, faz a conexão deles fazem sentido em uma forma que não havia sido vista antes desse episódio. Dá quase pra ver nos olhos da Alison alguma coisa brilhando quando ela ouve o Noah contando sua história sobre sua mãe. Essa história a fez se sentir segura o suficiente pra se abrir sobre o Gabriel. A Alison passeu seu relacionamento inteiro com o Noah esperando essa hora chegar, quando ela expôs a razão por traz de sua tristeza, mas não é até ela contar ao Noah que o Gabriel se afogou que eles realmente se conectam. E até esse momento eles não haviam se sentido em sincronia. A confissão dela destrava algo neles – como foi evidenciado pela cena final do episódio, quando transam e se sentem conectados.

Foi um episódio necessário, independente do quão complexo ele foi. O mundo real está constantemente chamando a atenção deles – mesmo que tenham esquecido de tudo por um dia.

Observações:

Vimos o Noah e a Alison fora da sala de interrogatório. Noah fala com seu filho sobre o dever de casa, pelo telefone, enquanto a Alison liga pra alguém pra dizer que está sendo investigada pela polícia. O que isso significa?

O detetive na versão do Noah é divorciado e não vê seus filhos, enquanto na versão da Alison ele é casado por 25 anos.

O que a Alison disse pro Noah sobre a tatuagem do Cole é algo que eu não imaginava. E certamente algo que a Alison nunca disse pro Cole.

Audiência:

Cresceu bastante, Subiu de 599 mil viewers na semana anterior para 692 mil nesse episódio.

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