As vantagens da previsibilidade.
CONTÉM SPOILERS!
1996. Wes Craven revolucionou o cinema ao revelar que o assassino de Casey Becker e companhia era nada menos do que a dupla mais óbvia de Woodsboro - Billy e Stu. Acostumados com reviravoltas e surpresas, o público viu emScream uma história única, pois nela tínhamos uma dupla de assassinos óbvia, que de tão descarada não era cogitada por muitos. A previsibilidade dos serial killers nos fez ver a obra de um modo diferente. Analisar o contexto, sem se preocupar exatamente com quem era o vilão, se tornou mais essencial, dando coerência à um conto hostil.
Wes Craven conseguiu fazer um de seus maiores (e melhores) trabalhos, usando e abusando do universo juvenil, o qual estava ligado à modernidade. Infelizmente, em 30 de agosto, o mundo perdeu um dos maiores cineastas do gênero slasher. Wes foi o responsável por transformar uma fantasia bizarra em um ícone popular que, até os dias de hoje, é capaz de causar repulsa das mentes mais amedrontadas.
2015. A MTV deu uma nova roupagem ao Ghostface, tornando-o em um serial killer com intenções mais vingativas e não tão sádicas, haja vista ser uma nova versão de Brandon James, o rapaz que assustou Lakewood na década de oitenta. A revitalização de Scream para as telinhas funcionou. Tivemos nestes dez episódios da primeira temporada uma releitura da franquia cinematográfica, um pouco mais tênue, é claro, mas tão funcional quanto.
Ora, é difícil comparar as duas versões, uma vez que na telona tudo é muito mais prático. Aqui tivemos quatrocentos minutos de uma história que precisava de um arco para poder ser bem amarrada. Assim como nos filmes, precisávamos descobrir as intenções do assassino, e criar uma mitologia acerca dele foi necessário, por isso a figura de Brandon James surgiu.
Scream acabou por ganhar pontos ao revelar ao público seu assassino logo em sua season finale, e de maneira muito simples, porém eficaz. Trabalhar com o óbvio é uma tática que a franquia sempre fez muito bem, e na versão das telinhas não podia ser diferente. Descobrir que Piper era a assassina foi uma brincadeira de ˜ligue os ponto" muito funcional, só não via quem não queria. Vi muita gente reclamando que não tivemos uma reviravolta estratosférica, porém, sou da opinião diversa.
"Revelations"foi essencial por revelar ao público uma verdade previsível, sem abusar de nossa inteligência. O roteiro, por mais maroto que possa ter sido neste primeiro ano, conquistou a eficácia por dar o nó em uma história coerente e prática. De nada adiantava uma revelação inesperada se tudo não fizesse sentido, não é mesmo? A técnica de trabalhar com o passado de Daisy, e usar isso como uma dor motivacional para a assassina foi uma jogada de mestre.
Aliás, todas as sequências do episódio foram coesivas. O ar de mistério que rondou os quarenta e tantos minutos da season finale foram capazes de nos colocar na beira do sofá. Ao passo em que a dinâmica ia sendo intercalada, tudo passava a ter mais sentido, nos fazendo ignorar as atuações meia boca e tudo mais, inclusive. Tal prática é essencial pois coloca o dinamismo do show em evidência, mostrando que os problemas de elenco são minoritários e que podem ser consertados ao passar do tempo.
No mais, as referências aos filmes foram geniais. Desde a morte programada do Detetive, até as revelações, tivemos um gostinho do trabalho de Wes Craven. A cena que mais chamou a minha atenção foi a tentativa de morte de Brooke, a qual foi bem trabalhada e inusitada, típica do Ghostface que tanto amávamos odiávamos. Contudo, uma coisa que senti falta no episódio foi a matança. Ora, a assassina tinha a intenção de deturpar o universo de Emma, e a escassez de óbitos foi um pouco frustrante...
Por outro lado, vejo isso como um golpe do próprio roteiro. A segunda temporada virá na mesma universalidade, com os personagens na escola e tudo mais, e não podemos ter um elenco mixo sem um desenvolvimento adequado, afinal, estamos falando de uma série de televisão que não possui o mesmo universo temporal como o dos filmes, não é mesmo? Sendo assim, manter uma gama alta de personagens em tela foi a tática dos roteiristas de amarrar ainda mais a história para o segundo ato. É por isso que tivemos tantas pontas soltas, mas com a possibilidade de resolução no ano que virá. Creio que pessoalidade dos personagens cresça, ainda mais após os acontecimentos no trapiche.
A respeito da descoberta de quem era o serial killer, tudo foi muito prático, e é aí que temos a vantagem da previsibilidade. Sem a necessidade de uma história mirabolante, tivemos tempo suficiente para uma cena eficiente, capaz de denotar todas as características de Piper como a sucessora de Brandon James. Suas características foram bem acentuadas ao passo em que sua história ia sendo evidenciada, sem contar em sua morte que usou do artifício do "eles sempre voltam" para homenagear a obra mais uma vez.
Todos os traços do antigo Ghostface estavam sendo desenhados ali, na herdeira de Brandon e Daisy, especialmente o sadismo e ironia. Suas piadas e cutucadas, bem como críticas à sociedade que envolve o mundo de Emma, foram pontuais o suficiente para transformá-la na assassina memorável de Lakewood. E o que falar da sua crítica ao machismo? Por que o assassino necessitava possuir uma face masculina? Muito assíduo da parte da serial killer.
Porém, creio que a maior surpresa de "Revelations"foi a revelação de uma possível parceria entre Audrey e Piper. Gostei do modo como as coisas acabaram neste primeiro ano, deixando lacunas abertas para mais perguntas. Era óbvio que Piper não atuou sozinha, haja vista toda a trajetória da personagem nos episódios anteriores, e tudo pareceu mais claro no momento em que Audrey foi poupada.
Percebemos que o roteiro teve o cuidado suficiente ao demonstrar que os personagens não são alienados no momento em que Noah, nos minutos finais, questiona quem era o ajudante de Piper. Ora, muitas perguntas sem respostas, especialmente para os personagens. Entretanto, nós tivemos um gostinho do que está por vir. Se Audrey tinha alguma coisa a ver com Piper, é incontroverso, todavia, isso não revela necessariamente que Audrey era a comparsa de Piper. A segunda temporada virá com as respostas acerca disso, e quem sabe mais perguntas.

2015. A MTV deu uma nova roupagem ao Ghostface, tornando-o em um serial killer com intenções mais vingativas e não tão sádicas, haja vista ser uma nova versão de Brandon James, o rapaz que assustou Lakewood na década de oitenta. A revitalização de Scream para as telinhas funcionou. Tivemos nestes dez episódios da primeira temporada uma releitura da franquia cinematográfica, um pouco mais tênue, é claro, mas tão funcional quanto.

Scream acabou por ganhar pontos ao revelar ao público seu assassino logo em sua season finale, e de maneira muito simples, porém eficaz. Trabalhar com o óbvio é uma tática que a franquia sempre fez muito bem, e na versão das telinhas não podia ser diferente. Descobrir que Piper era a assassina foi uma brincadeira de ˜ligue os ponto" muito funcional, só não via quem não queria. Vi muita gente reclamando que não tivemos uma reviravolta estratosférica, porém, sou da opinião diversa.

Aliás, todas as sequências do episódio foram coesivas. O ar de mistério que rondou os quarenta e tantos minutos da season finale foram capazes de nos colocar na beira do sofá. Ao passo em que a dinâmica ia sendo intercalada, tudo passava a ter mais sentido, nos fazendo ignorar as atuações meia boca e tudo mais, inclusive. Tal prática é essencial pois coloca o dinamismo do show em evidência, mostrando que os problemas de elenco são minoritários e que podem ser consertados ao passar do tempo.

Por outro lado, vejo isso como um golpe do próprio roteiro. A segunda temporada virá na mesma universalidade, com os personagens na escola e tudo mais, e não podemos ter um elenco mixo sem um desenvolvimento adequado, afinal, estamos falando de uma série de televisão que não possui o mesmo universo temporal como o dos filmes, não é mesmo? Sendo assim, manter uma gama alta de personagens em tela foi a tática dos roteiristas de amarrar ainda mais a história para o segundo ato. É por isso que tivemos tantas pontas soltas, mas com a possibilidade de resolução no ano que virá. Creio que pessoalidade dos personagens cresça, ainda mais após os acontecimentos no trapiche.

Todos os traços do antigo Ghostface estavam sendo desenhados ali, na herdeira de Brandon e Daisy, especialmente o sadismo e ironia. Suas piadas e cutucadas, bem como críticas à sociedade que envolve o mundo de Emma, foram pontuais o suficiente para transformá-la na assassina memorável de Lakewood. E o que falar da sua crítica ao machismo? Por que o assassino necessitava possuir uma face masculina? Muito assíduo da parte da serial killer.

Percebemos que o roteiro teve o cuidado suficiente ao demonstrar que os personagens não são alienados no momento em que Noah, nos minutos finais, questiona quem era o ajudante de Piper. Ora, muitas perguntas sem respostas, especialmente para os personagens. Entretanto, nós tivemos um gostinho do que está por vir. Se Audrey tinha alguma coisa a ver com Piper, é incontroverso, todavia, isso não revela necessariamente que Audrey era a comparsa de Piper. A segunda temporada virá com as respostas acerca disso, e quem sabe mais perguntas.
Até aqui, podemos dizer que estamos satisfeitos com a adaptação de Scream para a televisão pois pudemos sentir o gostinho da franquia que nos conquistou. Na review do primeiro episódio eu disse: DON'T FUCK WITH THE ORIGINAL. Podemos asseverar que, até agora, ela não f*deu com o original... Ainda bem.
Wes, você pode descansar em paz pois sua reputação foi mantida.
E vocês, o que acharam do episódio?
Até 2016!
Wanna play a game?
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