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REVIEW | Downton Abbey: 6.03 "Episode 03"

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Tudo em família. 
CONTÉM SPOILERS!

Apesar das diferenças entre os Crawley e seus empregados, sempre os vi como uma grande família. Não podemos negar que a relação de todos os moradores de Downton é muito fraternal, afinal de contas, temos uma relação baseada em confiança mútua entre os conviventes, digna de um grande ambiente familiar. É claro que temos o tio mala, o primo chato e a nora chorona, mas nada disso impediu a harmonia da casa durante todos esses anos.

Ora, a simetria entre os personagens é uma questão que sempre foi muito debatida nessas seis temporadas de Downton Abbey, e a temporada final da série não podia deixar de enaltecer isso. "Episode 03"surge para cessar com as picuinhas e busca um seguimento equilibrado entre os andares do palácio dos Crawley. Interessante é perceber a função da modernidade nisso tudo, uma vez que afeta não somente os funcionários, como também a família.

Muito interessante é perceber que os Crawley possuem uma mente aberta para o evolucionismo social. A reciprocidade entre os núcleos é uma característica muito interessante do show pois denota a humanidade dos aristocratas aqui retratados. Digo isso pois temos toda troca entre grupo e que foi asseverado de maneira muito bela pelo episódio.

A dinâmica do casamento de Mrs. Hughes e Mr. Carson é o fato que comprova isso. Toda a correspondência entre os chefes do andar de baixo e os patrões do andar de cima foi algo singelo e muito bem descrito. Aliás, todo o arco que envolve o matrimônio dos dois vem surpreendendo por mostrar um lado da família que tanto respeitamos. Contudo, a questão que mais comprova isso é um detalhe muito genuíno: o vestido da noiva.

Foi muito interessante perceber que Daisy, Anna e Mrs. Patmore buscaram ajudar Mrs. Hughes com o seu vestido tão sem graça. Contudo, o que nos agrada é analisar que Lady Mary tomou as dores do feito e buscou ajudá-la com um gesto tão simples, o qual foi a disposição de um dos looks de Cora para que a governante pudesse parecer mais arrumada para o tão esperado dia.

O susto que Cora levou ao ver sua funcionária experimentando um de seus casacos - reitero, sob o aval de Mary - foi surpreendente. Não é do feitio de Cora Crawley repreender suas funcionárias daquele modo, especialmente alguém que tanto lhe ajudou ao passar dos anos. Tudo bem, Cora estava azeda por causa de sua sogra (convenhamos, quem não estaria?), mas nada justifica sua repreensão.

Todo mundo tem um dia ruim, e às vezes é preciso alguém abrir nossos olhos. Mary foi a responsável por tornar isso evidente à sua mãe, uma atitude justa, certamente. Porém, o que mais salta aos nossos olhos é a análise de todo remorso de Cora, a qual se redimiu a Mrs. Hughes e pediu desculpas por seus atos, dando, assim, um de seus casacos para que a noiva se casasse em uma roupa decente. Tal cena marejou minha alma e me fez perceber o quanto eu adoro essa série. São cenas assim que me conquistaram. Perceber que os Crawley, de certa forma, reconhecem o trabalho de seus funcionários, me faz amar cada vez mais os terrenos de Downton.

Aliás, toda a sequência do casamento foi excepcional. O modo como eles bateram o pé requerendo a celebração nos moldes necessários, totalmente distintos dos costumes sofisticados, caiu muito bem no enredo. Porém, o mais legal de tudo foi perceber o quão aberta a família Crawley foi, além de ser muito cortês ao participar de todo o evento. A união de dois personagens muito queridos foi essencial na medida certa, e colocou todo o espírito Downton Abbey que amamos em tela.

Mas não foi só de conjugação que o episódio tratou. Disse anteriormente que Cora estava de mal humor por conta de sua sogra haja vista o plot do hospital estar dando o que falar. Obviamente teríamos uma disparidade de pensamentos com todas as ideias em jogo, e devo admitir, Cora e Isobel estão com a razão. O centro médico precisa de uma modernidade e toda a tradicionalidade de Violet e o Doutor não seriam muito oportunos. Poucas vezes presenciamos um confronto entre nora e sogra, e finalmente, em sede de última temporada, isso foi possível. Entretanto, devemos admitir: nada melhor que a acidez de Lady Violet!

A evolução dos Crawley é algo notável, especialmente de Edith que despontou na trama de uma maneira única. A questão que envolve todo o seu trabalho como jornalista e a sua busca por igualdade é um marco para a época e que vem sendo lindamente trabalhado. Em "Episode 03", Edith veste a carapuça da independência e agarra seus projetos firmemente, se tornando a editora do jornal. Gosto muito de vê-la empenhada em algo tão congruente como esse arco. Ademais, ver que um possível flerte reapareceu em sua vida é algo naturalmente belo e essencial para a personagem que já levou alguns tapinhas da vida e merece uma despedida digna. Quem diria, não é mesmo?

Falando em despedidas, estamos conhecendo a independência de alguns funcionários. A começar por Thomas que busca um futuro incerto e acaba levando invertidas, apenas. Obviamente a sua preocupação com o futuro da casa é conveniente, porém, creio que ele esteja levando ao pé da letra demais. Toda a sua preocupação é resultante de todas as burradas que ele já aprontou, e quem deve, teme. Se ele fosse límpido o suficiente, não teria com o que se preocupar. Em contrapartida, temos a situação de Daisy que busca uma emancipação com a ajuda de Molesley, o que é muito bonito, especialmente agora que a situação com o antigo sogro continua dando em nada. Pena que a coitadinha não percebe o não de forma tácita da chefe...

Já Mary é um cavalo que não sabemos em que lado monta. Se em um episódio temos a personagem agarrando e desferindo críticas ao casamento, aqui ela é a maior defensora. Aliás, Mary é uma incógnita desde os primórdios. Contudo, é de se celebrar a sua evolução. De uma garota mimada, temos uma viúva autônoma e que está exercendo seus trabalhos como qualquer homem exerceria. O legal de tudo é ver que, com o retorno de Tom, Mary terá uma ajudinha bem conveniente no deslinde de suas causas, e, quem sabe, um futuro no amor... Seria bem ousado, mas acabei simpatizando com tal ideia. Vocês não?

Outrossim, o episódio consegue agregar alguns parentes distantes da casa de Violet. Spratt e Denker conseguiram o holofote nos últimos anos e agora protagonizam uma disputa de gato e rato eletrizante, mas que aqui teve uma pausa justamente para que o footman não levasse uma invertida da polícia. Até que Denker não é tão ruim, não é?

Destarte, Downton Abbey nos presenteia com um episódio típico e funcional que retrata todos os laços da família, possibilitando a chegando de um novo membro (alô bebê Anna Bates!). As coisas finalmente começaram a clarear nas redondezas de Yorkshire enquanto a família rompe alguns laços do passado e começa a traçar novas linhas.

É difícil ver um membro da família ir embora. O coração fica apertado e a saudade só cresce. É assim que eu me sinto com o farewell da família mais querida da televisão inglesa. Não estou pronto para desfazer o vínculo fraternal que criei com todos eles!

Fofocas da cozinha de Downton

1. Violet é tão ardilosa que insinuou que Isobel estaria bêbada quando tomou algumas decisões... A madame Crawley é venenosa ao extremo! Maggie Smith é pontual em sua personagem, tanto é que já foi devidamente reconhecida pela sua atuação. Que atriz!
2.O reencontro das crianças foi tão lindo! George e Marigold correndo para abraçar Sybbie me fez levar o sorriso até às orelhas! 
3. Episódio que vem teremos um comeback de uma personagem muito querida... Eu fiquei extremamente feliz ao assistir a promo. 

E vocês, o que acharam do episódio? 

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