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REVIEW | The Affair: 2.02 "Episode 2"

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Quatro perspectivas.
CONTÉM SPOILERS

The Affair vive uma luta intrínseca entre seus relacionamentos conturbados e a verdade. Ao apresentar uma história, na primeira temporada, onde os mesmos eventos eram contados através de duas perspectivas diferentes, a série estabeleceu um universo onde não existe verdade absoluta, e então se posicionou nessas áreas cinzas. Essa característica da série foi bem desafiada, no entanto, pela mesma estrutura que a série se impôs, introduzindo um elemento de mistério que cruzou todos os arcos, a série acabou fazendo os espectadores implorarem por algum tipo de resposta, conforme a série progride. É quase como se a cada episódio os espectadores sejam colocados em uma guerra contra si mesmos, forçados a tomar uma decisão: queremos a verdade objetiva do mistério ou a verdade emocional de cada personagem?

Adicionar os pontos de vista da Helen e do Cole nessa segunda temporada – algo interessante para a dramatização da série – torna a pergunta acima muito mais difícil de ser respondida. Toda a primeira temporada utilizou o mistério do assassinato como uma forma de importunar o Noah, a Alison e o caso deles, perdendo muito do seu impacto uma vez que as cenas de interrogatório acabavam e a investigação foi para um local mais “nebuloso”.

Agora que a investigação essencialmente acabou, com o Noah preso e indiciado pelo crime, o que The Affair realmente precisa descobrir é uma forma de introduzir as cenas do “presente” com o resto da história, que se passa majoritariamente no “passado”. Os dois primeiros episódios não conseguiram mostrar direito como isso possa funcionar, e isso nunca fica tão claro quanto no caso das histórias do Cole e da Alison.

Uma coisa que The Affair tem sido muito boa desde o começo é não ter medo de expandir o que é possível dentro das estruturas que a série criou para se ambientar. Apresentar a versão da Alison como parte três– sinalizando para a audiência que se trata de uma continuação das histórias vistas semana passada – é um daqueles sutis puxões que funcionam. É essencial para a história do Noah e da Alison, como um casal, ver a perspectiva dela sobre a lembrança perfeita que o Noah idealizou semana passada, principalmente quando descobrimos que não é tão perfeita quanto ele se lembra. O Noah se lembra de chegar em casa depois de um dia difícil em New York e encontrar a Alison cozinhando um jantar perfeito, intercalado por uma dança e sorrisos.

A Alison, no entanto, se lembra dele chegando em casa grosseiro e chateado, acabando tudo em um sexo de reconciliação na cozinha. Em ambos casos, a perspectiva deles sobre o que aconteceu não era realmente sobre a outra pessoa: era sobre o que cada um precisava emocionalmente. Na perspectiva do Noah, no episódio passado, ele precisava chegar em casa após um dia estressante e saber que aquele estresse valia a pena; que a escolha dele de destruir sua vida pela Alison era a escolha correta. Na perspectiva da Alison, ela precisava se sentir útil, desejada e escolhida. A verdade do que realmente aconteceu não importa.

A Alison precisando se sentir útil e desejada é a chave, já que ela gasta maior parte do seu tempo em sua perspectiva se sentindo tudo menos isso. Ela vai até a cidade porque está entediada demais para ficar na cabana. Enquanto ela está lá ela casualmente pede para uma garçonete em um café quanto ela ganha por hora, mas claramente ela não está mais na vibe de ser garçonete.

Não é até ela se tornar amiga do casal que está deixando eles ficarem na cabana até o Noah terminar de escrever seu romance – e até eles oferecerem a ela um emprego – que ela começa a animar-se um pouco. O fato de ela estar ajudando a mulher que é a chefe da editora que provavelmente comprará os direitos de publicação do romance de seu marido, parece importante.

Quanto à interação da Alison com o Cole, fica mais difícil analisar. É aqui que achar que a ideia de saber a verdade importa para The Affair pode te deixar confuso, porque a interação que eles têm na versão da Alison é muito diferente daquela da versão do Cole. A Alison se lembra de tudo na interação deles como uma ameaça ou perigo, com o Cole vagamente a ameaçando durante as cenas, até que no final ele evidentemente a ameaça.

Na perspectiva do Cole, na parte quatro, o encontro deles tem um tom inteiramente menos confrontante e mais melancólico. Obviamente nenhum deles é a verdade objetiva, mas a esse ponto The Affair se importa muito mais com o que isso significa para suas personagens do que qualquer coisa que tenha a ver com a verdade absoluta. A Alison se lembra do Cole desse jeito porque é assim que ele é ou ela precisa enxergar ele como vilão para justificar o que ela fez com ele e as escolhas que tomou?

A perspectiva do Cole no encontro é totalmente diferente, com a Alison o recebendo com um abraço e eles se sentando para conversar e discutir o final de seus relacionamentos, de uma forma triste, nada ameaçadora e conformada. Isso pareceria algo chocante se tivesse se passado no começo da metade dele do episódio, mas a série primeiro mostra a ruína que é a vida do Cole.

O Cole que vemos aqui não é um homem perigoso. Ele é um homem cansado, derrotado, um que não consegue recomeçar sua vida porque ele ainda não abriu mão do que tinha. Ele está tão divorciado de suas novas circunstâncias que ele nem mesmo dorme na casa da Alison; em vez disso, ele está se empacotando um trailer na garagem. Ele está ignorando sua família, dormindo em seu trabalho de taxista, e trabalhando a noite toda a base de auto-ódio e cocaína.

A interação dele com a Alison aconteceu no último momento, quando ele pede a ela se ela um dia voltará para casa e ela diz não e então vai atrás dele para abraça-lo e dizer adeus. A perspectiva da Alison mostrou que ela precisava justificar sua decisão de deixa-lo; a perspectiva do Cole no mesmo momento, mostrava que ele precisava encontrar um motivo para seguir em frente. Quando nós vemos o Cole novamente ele está no tribunal e fica claro que ele de fato seguiu em frente: ele está calmo, bem vestido e até mesmo feliz de ver a Alison com a filha dela. É a reação dele olhando para o Noah na acusação que é mais difícil de analisar, e onde parece que a série precisará cavar mais fundo no “passado” para fazer com que as cenas no “presente” funcionem melhor. Alison, Noah e Helen parecem estar conectados ao presente, mas o Cole não parece se encaixar na história. Isso é mais estranho porque a vítima é o irmão do Cole e nós tivemos bastante contato com a família do Cole. Onde estava a família dele na acusação? O que estava por trás do olhar do Cole quando a sentença estava sendo dita? Uma coisa é criar perguntas, outra é esperar que nos importemos com a resposta.

Observações:
  • Quero saber se todos os episódios serão nesse formato (dois episódios mostrando a mesma história por quatro perspectivas).
  • O Bruce vai se divorciar da Margaret. O que isso significa pra Helen?
  • A casa da Alison na praia vai dar assunto para temporada. O Noah e o Scotty mencionaram a existência dela de uma forma como se eles quisessem o dinheiro da venda.
  • O banheiro quebrado vai servir para alguma coisa no futuro ou só serviu para aumentar as divergências entre as perspectivas?
  • O livro do Noah é dedicado a Alison somente na perspectiva dela.
  • Na cena final, quando o Cole entra no tribunal, dá pra ver uma aliança de casamento na sua mão. Será que ele se casou com a babá?

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