Golpes do destino ou meras consequências?
CONTÉM SPOILERS!
A sexta temporada de Downton Abbey vem mostrando uma consistência digna de seus primeiros anos. O roteiro, especialmente em "Episode 04", traça toda a prerrogativa da série e nos presenteia com a visão do futuro de cada personagem. Ver um lampejo do que a series finale nos trará é muito importante, principalmente na reta final de um show que caracteriza um período tão singular. Contudo, a dúvida que resta é: será que nossos protagonistas serão abalroados por golpes de seus próprios destinos ou serão vítimas de consequências oriundas de suas atitudes pretéritas?
Tal questionamento aparenta ser muito similar, porém, se olharmos bem de perto, possui diferenças tênues. Se observarmos a história de Carson e Mrs. Hughes, por exemplo, ambos estariam destinados à serventia. Porém, o próprio destino os golpeou, transformando-os em um par muito bem montado. Porém, seria essa uma consequência de todos os anos de convivência? É difícil presumir tal feito, tanto que persiste em uma pergunta que jamais poderá ser respondida.
A história dos funcionários de Downton continua no mesmo passo. Anna, por sua vez, sempre foi golpeada por consequências de seu relacionamento com Mr. Bates, este que também vem sendo massacrado por ações mais remotas. Em seis anos de série, o casal Bates sofreu, e ver que Downton Abbey planeja um final feliz para os pombinhos é glorificante. Ninguém vive só de drama, e a vinda de um bebê é mais do que renovadora. Claro que, para a descoberta da gravidez, foi preciso toda uma experiência traumática que levou Mary e Anna a Londres, mas nada que pudesse ser liquidado em um único e tão singelo episódio.
Se olharmos o feito pela ótica da consequência, observaremos que Thomas Barrow, mordomo substituto como ele faz questão de salientar, é a maior vítima de seus próprios erros. Em seis anos o rapaz aprontou tudo o que podia para conseguir um certo destaque. Porém, o seu spotlight traz toda uma amargura. Chegar ao topo por meio de ações maldosas nunca é bom, e aqui ele sente o gosto da amargura, enaltecido pelo próprio Robert Crawley. Seria essa uma vitória digna? Eu duvido. O fim de Thomas é o mais certo: uma infelicidade construída em uma vitória suja.
A bitchiness de Thomas exala com a questão do retorno de Gwen, agora como uma pessoa importante, e não uma "simples" empregada. É óbvio que a inveja estava expelida, tanto que ele precisou colocar o assunto em pauta no almoço da mansão. O bom é que Gwen sempre demonstrou muita classe - mesmo estando em tela somente na primeira temporada - e conseguiu transmitir toda a sua simplicidade. Gosto muito de final seasons porque temos o traço de todo o passado da série, e aqui, o retorno de Gwen foi o ponto de partida para tal feito.
Ora, relembrar do passado da série, principalmente por uma personagem que retratou justamente a relação entre a casa de cima e a casa de baixo, foi emocionante. Isso só cresce pois se trata de Lady Sybil, personagem que faleceu na terceira temporada e possuía uma alma única. Ver que essa lembrança mudou o pensamento dos demais personagens só canoniza a humanização dos Crawley.
Isso se torna evidente na questão que envolve Daisy e a fazendinha do seu sogro. Havia uma discussão eterna a respeito disso, e a memória de Sybil e toda a sua simplicidade fez Robert e Cora perceberem o quão importantes são seus funcionários. Ajudar quem tanto lhes ajuda é mais que um reconhecimento. Ver a felicidade no rostinho de Daisy é um sentimento singular, especialmente para uma personagem que passou por poucas e boas. Aqui, a questão da memória retorna, pois temos a lembrança de William, personagem este que mudou a sua vida e merece um reconhecimento.
Trabalhar com personagens não muito importantes é uma tática muito interessante dessa reta final. Mrs. Baxter nunca teve muito espaço da trama, e agora com toda a questão envolvendo a polícia em razão do sumiço de Mr. Coyle, altamente perigoso para a sociedade, colocou um pouco da alma da personagem em tela. Pudemos, diante disso, entender o desconforto de Baxter em certas situações. Ela se livrar dessa concha que a prende é essencial. Uma personagem tão prestativa merece um final feliz, ou melhor, a libertação de seus maiores medos. Nada melhor que uma consequência de um ato catártico.
Subindo um pouco as escadarias de Downton, nos deparamos às histórias trazidas por "Episode 04"dos nossos aristocratas favoritos. A trama que envolve a modernização do hospital é bem pertinente pois coloca todo o jogo de tradicionalidade vs. modernismo que Downton Abbey sempre estipulou. Obviamente Violet seria contra, mas a personagem encontrou certo apoio em Prudence Talbot. Porém, diante de toda a evolução da trama, é mais que certeiro que as opiniões de Lady Crawley são mais que ultrapassadas.
O impasse que a personagem enfrenta com Cora e Isobel é o foco necessário para o deslinde da causa. Entretanto, com Robert ameaçando uma doença (o que me preocupa fortemente), poderá ser o fato gerador para a resolução desse conflito. Duvido muito que o chefe de Downton morra, especialmente em análise ao clima mais sóbrio da temporada, mas é muito provável que a sua situação abra os olhos da Condessa para dar um gás na evolução do hospital, assim espero.
No que tange ao retorno de Tom, toda a situação com Mary ficou um pouco nebulosa. Qual será a função da moça em Yorkshire com o retorno do cunhado? Sinto que ambos encontrarão algo no meio do caminho que seja capaz de fluir essa combinação (bem como os serviços) de maneira mais ampla. Todavia, com o retorno de Mr. Henry Talbot, tudo poderá ir por água abaixo.O personagem sempre exalou uma preponderância e tradicionalidade, e lidar com uma mulher à frente de seu tempo talvez não seja tão simples. Porém, o caráter rebelde de Mary talvez seja suficiente para contornar o feito e transformar tudo isso em uma relação de duas mãos. Tudo pode funcionar.
Desse modo, Downton Abbey apresenta um episódio capaz de separar as coisas, colocando-as em seus devidos lugares. Com cada personagem seguindo seu caminho - especialmente Carson com a sua despedida de seus aposentos -, vemos um futuro moderno ao palácio de Downton que tanto amamos. O difícil será aceitar o destino da série, ou seja, a sua finalização.
1. Violet estava impossível no episódio. Toda a questão do hospital está trazendo cenas maravilhosas, como a dela se afogando no jantar. Além disso, Violet dizendo que não descia à cozinha há 20 anos foi hilário. Ainda, ela contradizendo o poder da mulher com comentários ácidos foi engraçado. "Daqui uns anos teremos um Papa mulher!". Maggie Smith, você é genial.
2. Vocês sentiram um flerte entre a Daisy e o Andrew?
3. É Mrs. Hughes e não Mrs. Carson! Eu não me acostumarei.
Tal questionamento aparenta ser muito similar, porém, se olharmos bem de perto, possui diferenças tênues. Se observarmos a história de Carson e Mrs. Hughes, por exemplo, ambos estariam destinados à serventia. Porém, o próprio destino os golpeou, transformando-os em um par muito bem montado. Porém, seria essa uma consequência de todos os anos de convivência? É difícil presumir tal feito, tanto que persiste em uma pergunta que jamais poderá ser respondida.
A história dos funcionários de Downton continua no mesmo passo. Anna, por sua vez, sempre foi golpeada por consequências de seu relacionamento com Mr. Bates, este que também vem sendo massacrado por ações mais remotas. Em seis anos de série, o casal Bates sofreu, e ver que Downton Abbey planeja um final feliz para os pombinhos é glorificante. Ninguém vive só de drama, e a vinda de um bebê é mais do que renovadora. Claro que, para a descoberta da gravidez, foi preciso toda uma experiência traumática que levou Mary e Anna a Londres, mas nada que pudesse ser liquidado em um único e tão singelo episódio.
Se olharmos o feito pela ótica da consequência, observaremos que Thomas Barrow, mordomo substituto como ele faz questão de salientar, é a maior vítima de seus próprios erros. Em seis anos o rapaz aprontou tudo o que podia para conseguir um certo destaque. Porém, o seu spotlight traz toda uma amargura. Chegar ao topo por meio de ações maldosas nunca é bom, e aqui ele sente o gosto da amargura, enaltecido pelo próprio Robert Crawley. Seria essa uma vitória digna? Eu duvido. O fim de Thomas é o mais certo: uma infelicidade construída em uma vitória suja.
A bitchiness de Thomas exala com a questão do retorno de Gwen, agora como uma pessoa importante, e não uma "simples" empregada. É óbvio que a inveja estava expelida, tanto que ele precisou colocar o assunto em pauta no almoço da mansão. O bom é que Gwen sempre demonstrou muita classe - mesmo estando em tela somente na primeira temporada - e conseguiu transmitir toda a sua simplicidade. Gosto muito de final seasons porque temos o traço de todo o passado da série, e aqui, o retorno de Gwen foi o ponto de partida para tal feito.
Ora, relembrar do passado da série, principalmente por uma personagem que retratou justamente a relação entre a casa de cima e a casa de baixo, foi emocionante. Isso só cresce pois se trata de Lady Sybil, personagem que faleceu na terceira temporada e possuía uma alma única. Ver que essa lembrança mudou o pensamento dos demais personagens só canoniza a humanização dos Crawley.
Isso se torna evidente na questão que envolve Daisy e a fazendinha do seu sogro. Havia uma discussão eterna a respeito disso, e a memória de Sybil e toda a sua simplicidade fez Robert e Cora perceberem o quão importantes são seus funcionários. Ajudar quem tanto lhes ajuda é mais que um reconhecimento. Ver a felicidade no rostinho de Daisy é um sentimento singular, especialmente para uma personagem que passou por poucas e boas. Aqui, a questão da memória retorna, pois temos a lembrança de William, personagem este que mudou a sua vida e merece um reconhecimento.
Trabalhar com personagens não muito importantes é uma tática muito interessante dessa reta final. Mrs. Baxter nunca teve muito espaço da trama, e agora com toda a questão envolvendo a polícia em razão do sumiço de Mr. Coyle, altamente perigoso para a sociedade, colocou um pouco da alma da personagem em tela. Pudemos, diante disso, entender o desconforto de Baxter em certas situações. Ela se livrar dessa concha que a prende é essencial. Uma personagem tão prestativa merece um final feliz, ou melhor, a libertação de seus maiores medos. Nada melhor que uma consequência de um ato catártico.
Subindo um pouco as escadarias de Downton, nos deparamos às histórias trazidas por "Episode 04"dos nossos aristocratas favoritos. A trama que envolve a modernização do hospital é bem pertinente pois coloca todo o jogo de tradicionalidade vs. modernismo que Downton Abbey sempre estipulou. Obviamente Violet seria contra, mas a personagem encontrou certo apoio em Prudence Talbot. Porém, diante de toda a evolução da trama, é mais que certeiro que as opiniões de Lady Crawley são mais que ultrapassadas.
O impasse que a personagem enfrenta com Cora e Isobel é o foco necessário para o deslinde da causa. Entretanto, com Robert ameaçando uma doença (o que me preocupa fortemente), poderá ser o fato gerador para a resolução desse conflito. Duvido muito que o chefe de Downton morra, especialmente em análise ao clima mais sóbrio da temporada, mas é muito provável que a sua situação abra os olhos da Condessa para dar um gás na evolução do hospital, assim espero.
No que tange ao retorno de Tom, toda a situação com Mary ficou um pouco nebulosa. Qual será a função da moça em Yorkshire com o retorno do cunhado? Sinto que ambos encontrarão algo no meio do caminho que seja capaz de fluir essa combinação (bem como os serviços) de maneira mais ampla. Todavia, com o retorno de Mr. Henry Talbot, tudo poderá ir por água abaixo.O personagem sempre exalou uma preponderância e tradicionalidade, e lidar com uma mulher à frente de seu tempo talvez não seja tão simples. Porém, o caráter rebelde de Mary talvez seja suficiente para contornar o feito e transformar tudo isso em uma relação de duas mãos. Tudo pode funcionar.
Desse modo, Downton Abbey apresenta um episódio capaz de separar as coisas, colocando-as em seus devidos lugares. Com cada personagem seguindo seu caminho - especialmente Carson com a sua despedida de seus aposentos -, vemos um futuro moderno ao palácio de Downton que tanto amamos. O difícil será aceitar o destino da série, ou seja, a sua finalização.
Fofocas da cozinha
1. Violet estava impossível no episódio. Toda a questão do hospital está trazendo cenas maravilhosas, como a dela se afogando no jantar. Além disso, Violet dizendo que não descia à cozinha há 20 anos foi hilário. Ainda, ela contradizendo o poder da mulher com comentários ácidos foi engraçado. "Daqui uns anos teremos um Papa mulher!". Maggie Smith, você é genial.
2. Vocês sentiram um flerte entre a Daisy e o Andrew?
3. É Mrs. Hughes e não Mrs. Carson! Eu não me acostumarei.
E vocês, o que acharam do episódio?