Exibida entre 2005 e 2006, o terceiro ano de The O.C. é considerado o grande divisor de águas da série. Foi nessa temporada que a faca e o queijo caíram das mãos de Josh Schwartz. Os eventos que começaram a se desenvolver no ano anterior mostram suas consequências aqui e agora. A trama que começou como uma série teen que retratava a vida de quatro adolescentes na Califórnia havia crescido e estava se mostrando bem mais densa do que em seu início. Entretanto, mesmo com seus erros, a temporada mostrou acertos e marcou toda uma geração com um dos maiores cliffhangers da história das séries. Acompanhem nosso retorno à season 3. Mas cuidado: este post contém muitos spoilers! - Por Camilla Fernandes.
Já é costume meu dizer que Josh Schwartz é comparável àquele rei que tudo que tocava virava ouro. E não posso dizer o contrário de The O.C. A série se mostrou maravilhosa nos dois primeiros anos e criou uma geração de fãs apaixonados pela vida em Newport Beach.
O
cliffhanger da segunda temporada poderia ser o maior da série, mas perdeu para o da terceira (logo comento sobre ele). Mas o fato é: A cena de Marissa atirando em Trey para salvar Ryan foi marcante e nos levou a pensar alguns meses sobre qual seria o destino dos personagens e que rumo levaria a série. A genialidade de Josh é admirável, todos sabemos disso, e sim, todos imaginávamos drásticas mudanças na vida daquele grupo. O problema é que foi muita mudança e o foco foi se perdendo.
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Se Ryan uma vez era o protagonista da série, nesta temporada quem ascende e ganha um núcleo próprio é Marissa. Devo admitir que nunca fui das maiores fãs da personagem, e talvez por isso tenha tantas críticas a estes terceiro ano. Fato é que a trama fica mais densa e mais intensa. O que começou como um drama teen de um adolescente pobre vivendo numa cidade de ricos virou a vida de uma adolescente rica num colégio público. Há uma inversão de papéis e nossa decepção se torna cada vez maior. Digo isso porque quem não amou os momentos de Seth, Summer, Ryan e Marissa, todos juntos na
season 2?
Ryan: Yeah, this was pretty good.
Summer: Yeah. Thanks for almost getting my bathing suit wet, Cohen.
Seth: My pleasure.
Ryan imitating Summer: Cohen. I can't believe that you did that, Cohen.
Tivemos uma rápida lembrança de como eram as coisas antes do tiro. A
premiere nos mostra um pequeno dia dos quatro na praia, longe de tudo e de todos. Ali tudo parecia calmo e seguro novamente. Mas o mundo real nos chama de volta. Trey acorda do coma, é pressionado por Julie Cooper-Nichol a safar Marissa da acusação e culpar Ryan, o que não cola, e Trey acaba sumindo da vida de Newport Beach.
As consequências pra Marissa vem com o tempo. Ela é expulsa da Harbor e o sonho de passar o último ano com Summer vai pelo ralo, assim como seu relacionamento com Ryan. Marissa se vê obrigada a estudar numa escola pública, como eu falei antes e lá conhecemos seu grupinho - mais flopado impossível - de novos amigos: Johnny, o surfista
prateado, com quem Marissa irá se envolver romanticamente; Casey, a namorada chata de Johnny; e Chilli, que era o melhorzinho nesse grupo. E nessa mesma onda temos Volchok (todas babando no Cam Gigandet) que é o "vilão" da temporada. Lindo, mas um cretino.
Marissa: I'm sorry for all the craziness.
Ryan: I wouldn't have done it any differently. Except maybe Oliver.
E os problemas de Marissa não se limitam aos romances. Quem dera fosse só isso. Seria mais fácil. Julie não vê nem a cor do dinheiro que esperava da herança de Caleb. Pobres e sem ter onde morar, os Cooper vão morar num trailer. E mais uma vez, Jimmy e Julie se separam, só pra acumular problemas pra Marissa. Além disso, temos o retorno de Kaitlin, agora crescidinha e livre do internato. E como irmãos mais novos tem sempre aquela fama de perturbar a vida dos mais velhos, Kaitlin cumpre bem seu papel, querendo, inclusive, roubar o flerte de Marissa com Johnny.
Mas o ponto central de Marissa é sua chatice. Ela larga seus amigos, briga com Summer, vê sua mãe tresloucada casando com o Dr. Roberts, tem que aturar sua irmã mais nova (tão mimada e enjoada quanto ela), se envolve com seu
bad boy Volchok e sua vida vira um verdadeiro inferno na Terra. E se pensarmos por esse lado insuportável que Marissa foi apresentando, foi até um alívio sua morte. Mas não dá, gente. A cena de Ryan carregando-a nos braços após tirá-la do acidente de carro é algo que me marcou e provavelmente não esquecerei. Grande desastre, grande tristeza, grande cena. Mesmo com todos os seus defeitos, Marissa era o par perfeito de Ryan. E ver o casal sem ser
endgame foi sofrível. (Sim, sou dessas inconformadas até hoje e revoltada com Misha Barton por ter pedido pra sair da série).
Ryan na temporada fica um pouco sumido. Sua vida se resume em ajudar Marissa, em tentar recompor seu relacionamento com ela, mas é difícil tentar algo quando você quer fazer funcionar sozinho. Ele até se envolve com Sadie (Nikki Reed) e eu até tinha gostado dos dois juntos, mas não funciona. Pra mexer um pouquinho com ele, até Teresa vemos voltar, mas nada que fosse duradouro. Já para o fim da temporada que vemos uma possibilidade futura dele com Taylor
insuportável, vadia, cretina Towsend.
E por falar em Taylor, se tem uma personagem irritante na história dessa série, é ela. Ninguém que surja com o interesse de acabar com Seth e Summer (<3) pode ser bom. Ela foi a verdadeira pedra no sapato do nosso casalzinho. Além de ser mimada e excêntrica, ela é mandona e perturbou muito a vida de Summer, que estava sozinha na Harbor. Mas depois de uma temporada inteira sendo uma pedra no sapato dela, Taylor percebe o quanto Seth foi feito pra Summer e até ajuda nosso querido nerd a reconquistar sua namorada. Daí que a personagem melhora um pouco (alguns fãs começam a gostar dela e isso se concretiza na
season 4, mas eu não consigo superar esse trauma da
season 3, rs).
Nosso casal maravilha também não ficou livre de problemas nesse terceiro ano. Kirsten admitiu seus problemas com álcool na temporada passada e nesta ela está na
rehab. Lá ela conhece Charlotte uma
vadia mulher misteriosa que até então se mostra amiga de Kirsten. Mas é claro que isso não poderia dar certo e descobrimos que ela era cheia dos trambiques e queria passar a perna na herdeira de Caleb Nichol. Enquanto isso, Sandy tem que lidar com o fato de ter de assumir a empresa de seu falecido sogro e seus desafios são maiores do que o imaginado. Mas, no fim, tudo funciona bem, porque os Cohen são os Cohen e um acaba sempre suportando o outro. Tem como não querer ser dessa família linda?
Sandy: I know the last few years have been a roller coaster. There's been tragedy and comedy. And first loves, broken hearts. Family members we've lost and found. It hasn't all been perfect, but we're all a family here. So cheers.
Uma figura que sempre teve e mereceu destaque foi Julie Cooper. Louca, sem limites, gananciosa, mas apesar de tudo, com um bom coração. Ela era uma
bitch de marca maior, e acho que seu maior destaque é na área de casamentos. Se fizermos uma trajetória de seus sobrenomes ficaríamos assim: Julie Cooper-Nichol-Cooper-Roberts. Sim, nessa temporada pudemos conhecer o pai de Summer e de uma forma inimaginável: Ele casou-se com Julie. Uma pena nunca pudermos ter conhecido o mito da madrasta de Summer, mas achei interessante a união dos dois porque possibilitou uma reaproximação de Marissa e Summer.
Timing melhor, impossível.
Julie: I just want you to know, everything I ever did—good, bad or otherwise—I did it for you. So that you could have a better life than I had. And I know I wasn't perfect. I mean, the thing with Luke, and, trying to frame Ryan for attempted homicide, I—
Marissa: Mom, I love you. Just know that.
Julie: Oh, sweetheart. That's all I wanted. I love you too.
Deixei pra comentar de Seth e Summer por fim não foi por acaso. É porque é realmente difícil falar de personagens que você ama como se fossem seus amigos de verdade. Aliás, quem não gostaria de ser amigo de Seth Cohen? Nerd, companheiro, desenhista, inventor de feriados adaptados ao judaísmo como o Chrismukkah e o Bar Mitzvahkkah de Ryan, e dono dos melhores quotes. É impossível não se derreter por ele. E Summer, quem diria que a menina mimada e
bitch da primeira temporada se transformaria nessa pessoa fofa e querida? Estava certo, eles foram feitos um para o outro, porque um completava o outro. Nessa temporada, sofremos com eles, quisemos abraçá-los, e ficamos felizes com eles também, até eles notarem o que já sabíamos:
They belong together.
Summer: I love you.
Seth: I love you too. We can kiss later. Summer throws up again Alright. Want me to hold your crown? Summer throws up again. Hey! Rigatoni. Nice.
O bacana dessa temporada foi ter personagens recorrentes de volta. Pudemos rever Anna, Dawn, Teresa, Jimmy. Eu simplesmente acho super legal rever pessoas que passaram pela série. Bacana também é destacar o pequeno momento de felicidade na série. Mesmo com tanto drama, o final foi algo lindo. Ter Marissa de volta a Harbor foi ótimo. Pena que foi bem no finalzinho mesmo.
E por falar nisso, pra comentar do meu momento preferido na temporada, devo lembrar que Seth, Summer, Marissa, Ryan e Taylor eram
seniors, ou seja, estavam pra se formar. Então, além do drama exagerado, eles deveriam lidar com escolhas pra faculdades, formaturas, bailes, como todo adolescente americano normal. Talvez seja isso o que eu mais gosto nessa temporada, a chance de vê-los como qualquer outro jovem. Portanto, destaco a formatura deles na Harbor como o melhor momento da
season. O discurso de Taylor foi lindo, o momento de fotos foi maravilhoso, e o orgulho de ouvir o nome de cada um deles sendo chamados a pegar seus diplomas foi incomparável.