E a história do Fada do Dente começa a ser contada.
CONTÉM SPOILERS!
Antes de eu começar a falar sobre esses dois maravilhosos episódios de Hannibale o quanto eu só consigo amar cada dia mais essa série e sofrer sabendo que seu fim está cada vez mais próximo, eu preciso divagar um pouco com vocês...
Quando eu decidi que iria assistir Hannibal, a série já havia iniciado a sua primeira temporada, então fiquei com aquele debate mental: assistir ou não assistir os filmes antes de começar a série? Bom, por fim decidi que, apesar de saber apenas o básico sobre a história de Hannibal (afinal, não há ninguém no mundo que não saiba pelo menos a ideia principal da história) posso dizer que fiquei muito contente com a minha escolha, pois pude aprender as características de cada um dos personagens que nos foi apresentado por Bryan Fuller. Se eu tivesse assistido qualquer um dos filmes antes, não poderia evitar as comparações.
Mas no momento em que descobri que os seis últimos episódios da temporada abordariam exatamente a mesma história apresentada em
Red Dragon (2002), eu decidi que deveria assistir o filme, mesmo para não vir aqui e fazer papel de otária na frente de vocês. Mais uma vez eu não me arrependi da minha escolha, e visto que eu já conheço muito bem os personagens de Fuller, era óbvio que eu não deixaria de fazer as comparações, mas ainda assim preferindo a série ao filme.
Como eu falei,
“The Great Red Dragon”foi o meu momento de comparação. Se formos levar em consideração o que nos foi apresentado nesses primeiros dois episódios da história, podemos considerar que ela é praticamente uma homenagem ao filme. Não posso comprar com o livro pois não tive o tempo para ler, mas baseando-se pelo filme, é interessante ver que Fuller, apesar de ter tirado o forte teor sexual da história, soube manter não só sua essência, mas até diálogos do filme. Como não poderia deixar de ser, Fuller fez isso da maneira maravilhosa que ele vem levando esses três anos de
Hannibal.
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Como eu assisti o filme recentemente, essas comparações estão bem frescas na minha mente, e se eu tivesse que dizer em uma única palavra a maior diferença entre ambos eu poderia dizer que a
finess que a série tem e que o filme não tem. Não estou nem falando em questão de imagem, fotografia e todos esses detalhes técnicos que evoluíram muito entre 2002 e 2013, afinal em onze anos muito se evoluiu na indústria, sem contar que não é preciso dizer que não existe uma série no ar que tenha uma fotografia tão magnifica e que saiba trabalhar tão bem os detalhes quanto
Hannibal, mais uma vez só posso lamentar pelo seu fim tão prematuro.
Se formos comparar Hannibal e Will do filme com a série, podemos quase chegar a dizer que são histórias diferentes que estão sendo contadas. Hannibal aqui é um sociopata, que tem essa compulsão por expor sua arte e por querer ser sempre a pessoa mais inteligente na sala. Na minha interpretação ele difere do personagem apresentado no filme, por sua loucura, sua sede de vingança e simplesmente por ser um psicopata, diferença que podemos ver na forma que ambos foram capturados. Aqui Hannibal se permite ser capturado para que ele possa ter a possibilidade de manter o seu relacionamento doentio com Will.
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Já em
Red Dragon, Hannibal quase mata Will e só depois deste fazer o mesmo com ele, é que Hannibal é capturado. A mesma diferença podemos ver na personalidade de Will. Nosso Graham é marcado pelo seu relacionamento com Hannibal, sendo perturbado que vê o mundo de uma forma um tanto quanto peculiar. Não que o Will do filme não tenha essa visão, ela é apenas abordada em uma escala bem menor.
Bom, acho que já filosofei demais, comparei demais, mas o meu intuito aqui era dizer que consigo entender melhor algumas dicas que a série já soube nos mostrar que, se eu não tivesse visto o filme estaria mais perdida do que um cachorro em dia de mudança. Volto a dizer, Hannibal não é uma série simples, então qualquer passo à frente que você possa ter com ela é sempre muito útil.
“The Great Red Dragon” me encantou, soube cativar, e introduzir uma nova história, mas sem as peculiaridades que Hannibal nos vem mostrando em seus três anos de vida. Eu simplesmente terminei o episódio mais encantada do que qualquer outra coisa. A série evoluiu, os personagens foram ao inferno e voltaram, mas isso não fez com que nenhum deles perdesse o que os tornavam especiais. Se analisarmos, isso apenas acrescentou, e se pararmos para pensar o fato de um novo personagem, um novo vilão estar sendo acrescentado no mundo peculiar que já é Hannibal só acrescenta de forma positiva na história.
Até agora fomos apresentados a Francis Dolarhyde de diversas formas. Temos a perspectiva do próprio Francis, o qual tem o intuito de mostrar sua personalidade, mas, ao mesmo tempo, confundir o telespectador, os deixar curioso com essa figura que nos é apresentada. Richard Armitage merece palmas. Em apenas dois episódio ele conseguiu convencer e muito como Francis, e o melhor de tudo, o personagem não precisa de um diálogo para que possamos entender que o mundo em que ele vive é muito mais complexo do que o mundo que conhecemos. Ele é algo a mais e sabe disso, ele não é um sociopata, ele não é psicótico, ele é apenas perturbado. Ele é o perfeito exemplo de que se você aplicar o tanto de pressão exata em uma pessoa, você com certeza irá conseguir prejudicá-la para uma vida toda, e óbvio que se essa pessoa já não é totalmente sã, temos a criação de um
serial killer.
Pudemos ver através dos olhos de Francis o seu desenvolvimento. Ele está deixando de ser Francis e está se tornando o Red Dragon que ele tanto vê. A transformação física é apenas uma representação do que ele sabe que existe em seu interior, e é ai que mais uma vez preciso bater palmas e mais palmas para a produção de
Hannibal. A tatuagem de Francis é completamente sensacional e ainda somada a cena em que ele se movimenta como um dragão, não tem como não ficar empolgado com isso.
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Aqui o personagem é retratado perfeitamente como o filme. Seu problema com a sua aparência, o seu cuidado com o seu corpo físico, sua obsessão com os vídeos caseiros e o principal a adoração que ele tem pelo quadro do Red Dragon, todos esses nuances da personalidade de Francis aprendemos em
“The Great Red Dragon”, mas com a chegada de
“...And the Woman Clothed in Sun”é que conseguimos ter uma ideia melhor do mundo em que ele está inserido.
Francis é danificado por sua infância. Os detalhes ainda não nos foram apresentados, mas por causa disso ele é tímido não gosta de se envolver com outras pessoas e não aceita ver a felicidade de famílias alheias. Will disse tudo, o que as famílias tem em comum é que elas eram felizes ,coisa que Francis nunca foi, e conseguimos entender isso graças ao pequeno
flashback que nos foi apresentado aqui. Acho que o principal problema dele é que, se somarmos o medo que ele tem da sociedade, de ser aceito por causa da sua deformidade com o fato dele ter uns parafusos a menos é o que tornam ele a pessoa perigosa que sabemos que é.
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Prova de que o problema dele é o medo de julgamento e a falta de afeto é que no momento em que ele encontra em Reba, alguém que não está ali julgando ele automaticamente, ele tenta se conectar com ela. Não sei se o meu problema com a Reba é o fato de eu detestar a Rutina Wesley por causa de
True Blood, mas não sei ela não me convenceu, mas vamos ver com o decorrer da história se ela não me conquista.
Não sei vocês, mas para mim a maior curiosidade com o salto temporal de três anos era saber como tudo iria se encaixar, onde as pessoas estariam, quais seriam as histórias que ainda iríamos ver. Tenho que dizer que, ao mesmo tempo que gostei de muita coisa e elas foram exatamente o que eu esperava, outras me pegaram um tanto quanto desprevenida, mas estamos aqui para isso, ser surpreendidos por uma excelente história.
Alana é um dos personagens que continua a me surpreender. Não que eu ame ou odeie ela, só acho ela desnecessária às vezes, e nessa bagunça toda, tenho que dizer que ela foi bem esperta. Alana não só conseguiu tomar o lugar de Frederick na direção do hospital psiquiátrico, como fez isso para se proteger de Hannibal, afinal, melhor coisa para se defender de uma ameaça é saber onde ela esta a todo tempo e poder tomar conta dela, o detalhe aqui é, se Hannibal chegar a fugir algum dia ela será sua primeira vitima, não só graças a promessa que ele fez a ela, mas também pelo fato de que é ela que impede que ele possa estar livre no mundo. Tenho que dizer que fiquei bem surpresa e feliz que eles decidiram contar que ela ainda está com Margot e que ela proveu o filho que ela tanto quis.
Hannibal é uma série rica nos detalhes, e para quem vê com os olhos muito abertos, esses detalhes servem não apenas como dicas mais também para encantar o olhar do telespectador. Eu, por exemplo, não posso deixar de comentar o quanto me encanta ver que, quando cada um dos personagens está ali conversando com Hannibal, somos levados a lugares diferentes que marcaram o relacionamento desses personagens.
É com esse tipo de detalhe que
Hannibal se mantém fiel à sua essência e, ainda por cima agrada, ao seu público, afinal, seria muito chato ver conversas intermináveis naquela sala onde Hannibal é mantido, por mais elegante que ela seja.
Eu não tinha dúvidas de que o retorno de Will seria da mesma forma apresentada no filme, já que Jack sempre soube manipular muito bem o amigo, e estava mais do que claro que no momento que fosse necessário ele faria novamente, independentemente de quais possam ser os prejuízos mentais para ele. Com Will, com sua nova família, Jack decide apelar para esse lado dele ao pedir ajuda, e como a bússola moral do Will é muito bem direcionada,m era mais do que certo de que ele ajudaria o amigo, principalmente porque sabemos que Will não só gosta de um bom desafio, mas também de poder analisar as coisas.
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Will e sua mente brilhante foram o que fizeram eu me apaixonar pela série logo no seu piloto, e aqui mais uma vez pudemos ter o gostinho daquele Will. Tenho certeza que eu não fui a única que quase teve um sincope em ver Graham olhando as cenas do crime pelos olhos de Francis, ou mesmo entendendo o que ele fez, como ele fez e o porquê ele fez, afinal ninguém jamais irá esquecer o this is my design.
Além disso, poder ter mais uma vez um gostinho do que é a mente de Will antes do fim da série é muito importante. Francis extravasa o seu ódio, a sua fúria, a sua falta de compreensão e o seu medo nas suas vitimas e ver a prova disso foi realmente interessante. Mais uma vez me senti uma foca batendo palmas para a cena em que Will vai passando a lanterna pelos locais onde os corpos estavam e vai entendendo como as coisas foram acontecendo. Não tem como amar menos essa série?
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Claro que só a visão de Will não é o suficiente para que eles possam capturar Francis, e com isso ele decide pedir a ajuda de Hannibal. Era mais do que óbvio que essa era a intenção de Jack desde o principio, mas é muito melhor apenas jogar a ideia na frente de Will e deixá-lo acreditar que foi tudo de escolha dele mesmo.
Em alguns pontos Jack chega a ser pior que Hannibal, mas nem vou entrar nessa discussão por enquanto, porque tenho certeza que vocês, assim como eu, estavam querendo ver como seria esse reencontro. Óbvio que para nós o significado não foi tão grande pois não sentimos os três anos passarem, tivemos apenas sete dias para nos adaptar a essa nova ideia, mas poder ver e analisar o encontro dos dois é um tanto quanto satisfatório.
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Hannibal continua sendo a pessoa mais inteligente da sala, prova disso é ele ter cantado a bola antes para o Will do que aconteceria, podemos até dizer que foi ele que colocou a ideia na cabeça do Jack para que assim ele pudesse ter o seu reencontro.
Mas o interessante é ver o quanto a presença de Hannibal afeta e muda o Will, prova disso é que depois de seu encontro com Hannibal ele sonha em ser Francis coberto de sangue nu a luz do luar, exatamente da mesma forma que vimos Francis fazer em “The Great Red Dragon”, sem contar que Will já começa a entender a complexidade do Fada dos Dentes ao se olhar no espelho e ver sua face desmoronando. Will mais uma vez já começou a se perder em sua própria mente, a questão é até que ponto ele se deixará afetar tanto por Hannibal quanto por Francis.
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O bom é que, como já conhecemos Francis pelo olhar do próprio Francis, aqui temos a chance de entender ele pelo olhar de Will e Hannibal, e óbvio que juntando as duas cabeças mais inteligentes eles irão conseguir entender melhor a mente de Francis. Eu particularmente nem lembrava mais da existência da Freddie, mas se a série fosse seguir o rumo do filme, a presença dela ali era necessária, e mais uma vez ela aparece para implicar com o Will.
Porém, a indagação dela chega a ser válida. Takes one to cath one, isso já havia sido motivo de discussão com toda a história Hannibal-Will e agora temos novamente a sanidade do Will sendo colocada a prova ou mesmo como Hannibal disse takes two to cath one.
O importante é que a história se encaminha para o que era esperado e Francis faz o seu primeiro contado com Hannibal. Uma das coisas que fiquei indagando quando vi o filme, é que o relacionamento do Will-Hannibal nas duas situações são completamente diferentes, e enquanto no filme Hannibal entrega a localização da família de Will para Francis, eu não vejo o Hannibal de Mads Mikkelsen fazendo a mesma coisa, mas acredito que isso será definido no relacionamento que Hannibal criar com Francis, e o mesmo já deu o primeiro passo dessa relação aqui em “...And the Woman Clothed in Sun”, só podemos aguardar para ver onde iremos com isso.
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Uma das coisas que eu até agora não consegui entender é porque raios tivemos que ter a história da Abigail de volta ao nosso mundo. Ok até que é interessante ver como foi o relacionamento deles do momento em que ele decidiu cuidar dele e fingir a morte dela a primeira vez até o momento em que ele acabou matando ela, mas não vejo onde isso é relevante para o que estamos enfrentando agora.
O lado da minha curiosidade mórbida fica satisfeito em ver como ele planejou a morte dela, e como foi para ele assumir o papel de pai, mas o meu lado que já tinha considerado essa história finalizada fica se perguntando WTF!
Notas deliciosamente diabólicas:
1.:Adoro que Frederick sabe tocar nos assuntos mais delicados com Hannibal: seu ego!
2.: Minha primeira impressão de Molly foi odiá-la, mas não é que nesse segundo episódio consegui até gostar dela fazendo piada com Will?
3.: Will, melhor pessoa do mundo, adotando o cachorro da família que foi morta!
4.: Eu não sei se choro ou rio de emoção com Hannibal falando que Will é família e ficando sentido por ele não chamar ele mais pelo primeiro nome.
5.: Sou obrigada a concordar com Jimmy, machuque os seres humanos mais não os animais, por favor né!
E vocês o que acharam dos episódios? O que estão achando da história do Red Dragon?